domingo, 7 de setembro de 2008

Sábado à noite...


É sábado à noite e apesar de várias pessoas terem tentado convencer-me a sair, hoje é daqueles dias que não estava para aturar ninguém. Mas a noite está tão quente que não dá para ficar em casa. E eu também não disse que não queria sair, apenas não me apetece aturar ninguém.
Resolvi sair sozinha. Fui até um bar perto da praia, mas também dentro do bar estava um calor que não se podia. Peguei no meu copo e fui caminhar na areia. Como sabe bem andar descalça na areia fresca. Provavelmente o único lugar fresco esta noite seria aquele.
Ia distraída com os meus pensamentos e concentrada no barulho das ondas que nem dei por ninguém se aproximar. Por isso quando oiço alguém a falar assustei-me. Depois de recomposta do susto e de quase te bater, perguntei-te o que tinhas dito.
- Perguntei-te o que fazes aqui sozinha?
- Não estou sozinha.- respondi eu e levantei o copo que trazia na mão.
- E eu posso juntar-me a ti e ao teu copo?
Sorri- Só se não fizeres muito barulho.
- Bem, o teu mau feitio hoje está mais apurado que nos outros dias- dizes tu também a sorrir.
Começamos a nossa caminhada a dois mas em silencio, mas tu não´és de estar muito tempo calado.
-Já tinha perguntado por ti à Maria!
Apenas olho para ti.
-Ela diz que te ligou mas que tu disseste que hoje não ias sair. Por isso achei estranho ver-te ali, no bar, sozinha.
-Estavas no bar?
-Sim. Eu, a Maria e os outros.
-Eles viram-me?
-Não. Só eu. Mas como achei estranho estares sozinha e saíres logo do bar mal chegaste, dei uma desculpa e sai atrás de ti, sem dizer que te vi.
-Isso quer dizer que está a seguir-me desde o bar?
-Sim. Olha e vais dizer-me porque andas sozinha e não quiseste sair connosco?
-Como tu próprio disseste o meu mau feitio hoje está apurado e não queria aturar ninguém.
-Posso ir embora...
-Ou podes tentar mandar embora o meu mau feitio.- respondi eu já com uma voz mais doce.
Continuamos a nossa conversa ao longo da praia, iluminados apenas pela lua e pelas estrelas. Quando demos conta estávamos no fim da praia. Olhamos para trás e não se via nada nem ninguém. E as luzes do bar estavam tão longe que mal se percebiam.
Optamos por sentar um pouco a olhar o mar. Não nos apetecia voltar para a confusão.
Sentamos-nos um junto ao outro. Sinto a tua mão na minha cintura. Olhamos-nos nos olhos e vemos em cada um aquele fogo que tão bem conhecemos.
Deitas-me na areia e inclinaste sobre mim, beijando-me. Sinto tuas mãos a desapertarem a minha camisa. Tuas mãos tocam minha pele causando-me um arrepio, não de frio, mas sim de desejo. Tiro-te a camisola. Os nossos beijos são ardentes, molhados, de tirar o folgo... O contacto dos nossos corpos um com o outro ateia ainda mais a chama do desejo. Desejamos-nos, possuímos-nos, entregamos-nos um ao outro sem barreiras. Saciado o desejo, nossos corpos mantêm-se juntos, mantendo-se aquecidos. Acho até que adormecemos por breves instantes. mas a brisa do mar não nos deixa ficar assim por muito tempo, e temos de nos vestir e começar a caminhar para não gelarmos. Mas entre um passo e outro lá íamos aquecendo também com um beijo. Já mais perto da zona do bar, despedimos-nos. Eu fiquei ali de frente para o mar mais um pouco, até resolver ir para casa.
Afinal mesmo quando estamos com mau feitio e não nos apetece aturar ninguém, não precisamos de nos fecharmos em casa, pois há sempre coisas que sabem muito bem. Exemplos: um bom amigo, que sabe ouvir o silencio; uma praia sossegada, com areia fresca; e uns bons momentos de sexo. Quem como eu, conseguir juntar tudo isto, não há mau feitio que resista...